A ABRIR O MOLESKINE
Textos que, com uma paciência de deuses, aguardaram a hora de aparecer e outros que vão surgindo dia-a-dia
domingo, 17 de junho de 2012
sexta-feira, 2 de março de 2012
quarta-feira, 30 de novembro de 2011
na Gulbenkian, California Dreaming
Jean-François Millet
cenário noturno
a folhagem verde das árvores
luminosas no jardim
prateada a chuva
pincela o quadro
cai uma folha outra outra
douradas estrelas cadentes
pássaros metálicos que passam lépidos
no palco a maestrina
negra águia
vibrante e ágil
dança frenética de um bater de asas
comanda o mundo
a orquestra
os exércitos de violinos violões violoncelos
flautas trombetas trombones
os sons concertados deste mundo
firmes agudos amestrados
por forças invisíveis
disparadas
da mágica frágil batuta
imparável
na mão da maestrina
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
sexta-feira, 26 de agosto de 2011
quantas histórias vão
Fotografia de Jamie Beck - Blog FROM ME TO YOU http://fromme-toyou.tumblr.com/
(em memória do Jorge)
quantas histórias vão
em cada homem que morre
e os que ouvem os sinos de rebate
nada sabem
sábado, 9 de julho de 2011
a criação
fotografia de Jamie Beck
a criação
é a última etapa
do amor
o altar
por cima de todos
os deuses
uma fidelidade
expurgada
das paixões impuras
terça-feira, 5 de julho de 2011
domingo, 19 de junho de 2011
terça-feira, 31 de maio de 2011
Campo de Ourique. o bairro
um bairro que se mastiga às fatias
como um bolo morno
que a cozinheira bateu demoradamente
voluptuosamente
cafés esplanadas casas de comida
rostos mitigados
lassos âncorados
donos de um valor
um bairro traçado
a esquadro e transferidor
bairro quadriculado
onde casas de barro
multiplicam tons do amarelado
Campo de Ourique ecoa a vitória
de Afonso Henriques
Rei de Portugal
e de Santiago santo Matamouros
os sinos tocam
em Santo Condestável
e a poesia espreita
na Casa de Pessoa
no mercado há cores
de frutos e flores
e a prata dos peixes
e o ouro dos pregões
brilham no tesouro
com as pérolas louras
do colar da senhora
a Tentadora
e a Arte Nova
e a esfera armilar
e a República e a primeira granada
que aqui se fez soar
e a Maria da Fonte
que ergue a foice
e afasta os papões
porque as crianças
brincam descuidadas
e os velhos no jardim
fazem jus ao jogo
e à hora das cartadas
quarta-feira, 25 de maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
em tardes assim
em tardes assim
de maios como este
olhávamos longamente a terra e o horizonte
separados por casas e ruas
mas ali, à mesma hora
aguardando o rubro desaparecimento do sol
avistando a silhueta desejada nos reflexos do poente
sentindo a paixão na distância das coisas e das cores
foi o tempo da adolescência
de tudo o que se não fez...
sábado, 21 de maio de 2011
sexta-feira, 20 de maio de 2011
sessão de poesia. sala vazia
sessão de poesia. sala vazia
cadeira a cadeira sala vazia
de negro coberto o piano negro
poetas estão poetas vêm poetas vão
estão computadores
jovens informáticos
fotógrafos estão
às cinco em ponto seria a sessão
cinco menos dez cinco menos cinco
eu não sou poeta
sento-me na sala
aguardo a sessão
estou no meio da sala
mas que faço eu que embaraço o meu
sessão de poesia
cadeira a cadeira a sala vazia
público não chega
vem mais um poeta
passou bem poeta
às cinco em ponto seria a sessão
passam cinco e cinco
e ainda mais cinco
estou no meio da sala da sala vazia
abriram as luzes abriram os olhos
dos poetas tantos
o público entra ou não entra não
brilham os cristais os cálices de absinto
quem virá brindar e comemorar
vêm mais fotógrafos
montam os tripés
no fundo da sala surge uma pessoa
e outra pessoa e outra pessoa
a tarde vai longa
começa a sessão
venha o absinto e a poesia
regar o serão
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